04 de maio
São Ciríaco

Mais tarde, após ter percorrido as estradas da Palestina, ele foi
eleito bispo de Jerusalém, e aí teria sido martirizado, junto com sua
mãe, chamada Ana, durante a perseguição de Juliano, o Apóstata.
Essa seria a história de são Ciríaco, que comemoramos hoje, não
fosse a marca profunda deixada por sua presença na cidade italiana de
Ancona, em Nápoles. A explicação para isto encontra-se no Martirológio
Romano, que associou os textos antigos e confirmou sua presença em ambas
as cidades. A conclusão de sua trajetória exata é o que veremos a
seguir.
Logo que se converteu, para fugir à hostilidade dos velhos amigos
pagãos, Ciríaco teria abandonado a Palestina para exilar-se na Itália,
fixando-se em Ancona. Nessa cidade ele foi eleito bispo, trabalhando,
arduamente, para difundir o cristianismo, pois o Edito de Milão dava
liberdade para a expansão da religião em todos os domínios do Império.
Após uma longa vida episcopal, Ciríaco, já idoso, fez sua última
peregrinação à cidade de Jerusalém, onde fora bispo na juventude, para
rever os lugares santos. E foi nesse momento que ele sofreu o martírio e
morreu em nome de Cristo, por ordem do último perseguidor romano,
Juliano, o Apóstata, entre 361 e 363.
Os devotos dizem que suas relíquias chegaram ao porto de Ancona
trazidas pelas ondas do mar. Essa tradição é celebrada, no dia 4 de
maio, na catedral de Ancona, onde são distribuídos maços de junco
benzidos.
Na realidade, as relíquias de são Ciríaco retornaram à cidade
durante o governo do imperador Teodósio, entre 379 e 395, graças à sua
filha, Gala Plácida, que interveio favoravelmente junto às autoridades,
conseguindo o que a população de Ancona tanto desejava.
A memória desse culto antiqüíssimo a são Ciríaco pode ser observada
pelos monumentos, das mais remotas épocas, que existem, em toda a
cidade, com a imagem do santo. Aliás, são Ciríaco foi escolhido como o
padroeiro de Ancona e a própria catedral, no século XIV, foi dedicada a
ele, mudando até o nome. Essa majestosa igreja, que domina a cidade do
alto das colinas do Guasco, é vista por todos os que chegam em Ancona
por terra ou por mar, mais um tributo à são Ciríaco, por seu exílio e
vida episcopal.

Os legionários romanos cristãos foram muito importantes, porque levaram a fé de Cristo às regiões mais remotas do Império Romano, pagando por essa difusão com a própria vida. Famosos e numerosos foram os mártires que pertenceram a essas legiões, mortos sob a perseguição do imperador Diocleciano no início do século IV. Entre eles encontramos Floriano e seus companheiros.
Diocleciano foi imperador de grande energia, estadista de rara habilidade e inteligência, mas se tornou um fanático inimigo da Igreja. Desencadeou a mais longa e duradoura perseguição contra ela, na intenção de varrer todos os vestígios do cristianismo. Contava, para isso, com a ajuda de seu genro Galério, colega nas armas e no domínio do Império.
Foi dele o decreto que proibia qualquer tipo de culto cristão. Exigia que todos os livros religiosos, começando pela Bíblia Sagrada, fossem queimados e ampliou a perseguição para dentro do seu próprio exército. Os soldados eram obrigados a prestar juramento de fidelidade ao imperador e levar oferendas aos ídolos, sob pena de morte. Muitos militares recusaram obedecer à ordem do imperador e foram executados. Um deles foi Floriano, acompanhado por mais quarenta companheiros. Eles se apresentaram ao comandante Aquilino, do acampamento de Lorch, Áustria, para comunicar que eram cristãos e que não poderiam servir ao exército do imperador. Por esse motivo foram presos. Durante o processo de julgamento, nenhum deles renunciou à fé em Cristo. Foram condenados a serem jogados no rio Ens, com uma pedra amarrada no pescoço. A sentença foi executada no dia 4 de maio de 304. O corpo de Floriano foi recolhido por uma senhora cristã, que o sepultou. No século VIII, sua veneração foi oficialmente introduzida na Igreja pelo Martirológio Romano, que manteve esta data para a festa litúrgica. No local da sua sepultura construíram um convento beneditino. Mais tarde, passou para os agostinianos, que difundiram a sua memória e a de seus companheiros. O seu culto se popularizou rapidamente na Áustria e na Alemanha, onde os fiéis recorrem a ele pedindo proteção contra as inundações. Por essa sua tradição com a água, ao longo do tempo são Floriano se tornou o protetor contra os incêndios e padroeiro dos bombeiros.

No século XVI, o cardeal e bibliotecário do Vaticano, César Baronio, unificou os calendários litúrgicos da Igreja, a pedido do papa Clemente VIII, com os santos comemorados em datas diferentes no mundo cristão. A Igreja dos primeiros séculos foi exclusivamente evangelizadora. Para consolidar-se, adaptava a liturgia e os cultos dos santos aos novos povos convertidos. Muitas vezes, as tradições se confundiam com os fatos concretos, devido aos diferentes idiomas, mas assim mesmo os cultos se mantiveram.
O trabalho de Baronio foi chamado de Martirológio Romano, uma espécie de dicionário dos santos da Igreja de Cristo de todos os tempos. Porém ele, ao lidar com os calendários egípcio, grego e siríaco, que comemoravam santa Antonina em datas diferentes, não se deu conta de que as celebrações homenageavam sempre a mesma pessoa. Isso porque o nome era comum e os martírios, descritos de maneira diversa entre si.
O calendário grego dizia que ela foi decapitada; o egípcio, que foi queimada viva; e o siríaco, que tinha morrido afogada. Mais tarde, o que deu luz aos fatos foi um código geronimiano do século V, confirmando que apenas uma mártir tinha morrido, em Nicea, com este nome.
Antonina sofreu o martírio no século IV, durante o governo do sanguinário imperador Diocleciano, na cidade de Nicea. Ela foi denunciada como cristã, presa e condenada à morte. Mas antes a torturaram de muitas maneiras. Com ferros em brasa, queimaram-lhe as mãos e os pés. Depois, foi amarrada e colocada numa pequena cela com o chão forrado de brasas, onde ficou por dois dias.
Voltando ao tribunal, não renegou sua fé. Foi, então, fechada dentro de um saco e jogada no fundo de um lago pantanoso na periferia de Nicea. Era o dia 4 de maio de 306, data que foi mantida para a veneração de santa Antonina, a mártir de Nicea.
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