19 de janeiro
Santo Odílo
Odilo
nasceu em 962, na cidade francesa de Auvergne. Seu pai era Beraldo, da
nobre família Mercoeur e sua mãe Gerberga. Narra a tradição, que a sua
vida espiritual começou na infância, aos quatro anos de idade. Era
portador de uma deficiência nas pernas que o impedia de andar. Certa
vez, sua governanta o deixou sentado na porta da igreja, enquanto foi
falar com o padre. Odilo aproveitou para rezar e se arrastou até o
altar, onde pediu à Virgem Maria que lhe concedesse a graça de poder
caminhar. Neste instante, sentiu uma força invadir as pernas, ficou de
pé e andou até onde estava a empregada, que, junto com o vigário,
constatou o prodígio.
Assim que terminou os estudos ingressou no Mosteiro beneditino de
Cluny, em 991. Tão exemplar e humilde foi seu trabalho que, quando o
abade e santo Maiolo sentiu que sua hora era chegada, elegeu-o seu
sucessor, em 994. Este cargo, Odilo ocupou até a morte.
Ele era um homem de estatura pequena e aparência comum, mas possuía
uma força de caráter imensa. Soube unir suas qualidades inatas de
liderança e diplomacia, com a austeridade da vida monástica e o desejo
de fazer reinar Cristo sobre a terra. Desta maneira conseguiu, num
período difícil de conflitos entre a Igreja e o Império, realizar
a doutrina de paz e fraternidade pregadas no Evangelho. Exerceu sua
influência sobre os dois, de modo que se estabeleceu a célebre "trégua
de Deus", conseguida, grande parte, por seu empenho.
Como alto representante da Igreja que se tornara, era procurado e
consultado tanto pelos ilustres da corte como pelos pobres do povo,
atendendo a todos com a mesma humildade de um servo de Cristo. A sua
caridade era ilimitada, tanto que, para suprir as necessidades dos
famintos e abandonados, chegava a doar as despensas do mosteiro. Até a
valiosa coroa, presenteada pelo imperador Henrique II, e os objetos
sagrados da Abadia foram vendidos, quando a população se viu assolada
pela peste, em 1006. Mesmo assim os recursos foram insuficientes, então,
Odilo se fez um mendigo entre os mendigos, passando a pedir doações aos
príncipes e à aristocracia rica, repassando para a população flagelada.
No trabalho religioso, aumentou a quantidade dos mosteiros filiados à
Abadia de Cluny, que de trinta e sete passaram a ser sessenta e cinco.
Naquela época, Cluny se tornou a capital de uma verdadeira reforma
monástica, que se difundiu por toda a Europa e, pode-se dizer que Odilo,
quinto abade de Cluny, era considerado o verdadeiro chefe da
cristandade, porque o papado teve de se envolver com os problemas
políticos da anarquia romana.
Em 998, por sua determinação, todos os conventos beneditinos
passaram a celebrar "o dia de todas as almas". Data que Roma implantou
para todo o mundo católico em 1311, com o nome de "dia de finados". Foi
ainda eleito Arcebispo de Lion pelo povo e pelo clero, chegando a ser
nomeado pelo Papa João XIX, mas recusou o cargo.
Em 31 de dezembro de 1049, morreu com fama de santidade, no mosteiro
de Souvigny, França. O seu culto foi reconhecido pela Igreja e incluído
no calendário dos beneditinos de todo o mundo, cuja comemoração passou
do dia 2 de janeiro para 19 de janeiro.
Santo Canuto
Canuto
nasceu no ano 1040. Era o filho primogênito do rei Estevão II, da
Dinamarca, portanto, o sucessor direito e legal ao trono. Mas, quando
seu pai morreu, Canuto foi traído por um irmão ambicioso, que lhe
usurpou o reino.
Criado e educado com sabedoria e nobreza, o santo desde pequeno
mostrou dotes de piedade e caridade. Encontrou desde cedo paz e
serenidade na oração e na fé. Casou-se com uma cristã, princesa de
Flandres, e com ela teve um filho, Carlos, que também se tornaria santo.
Com toda essa formação, Canuto não reagiu com violência à traição do
irmão, aventureiro e ingrato. Confiou e esperou.
Quatro anos mais tarde o usurpador morreu. Pôde, então, se tornou o
rei, Canuto IV, assumindo a coroa que lhe pertencia. Nesta ocasião a
Dinamarca assistiu a um dos reinados mais enérgicos, piedosos e corretos
de toda sua História. Canuto foi, segundo todos os registros, sem
nenhuma voz discordante, um rei que deixou em todos os seus atos a marca
da justiça e da caridade, com uma política inteiramente voltada em
benefício dos necessitados. Além disso, favoreceu grandemente o
cristianismo, fazendo construir dezenas de igrejas, conventos, escolas e
hospitais.
Mas sua política de favorecimento aos pobres desagradou a nobreza.
Esta se articulou contra ele de forma que fosse mal sucedido em uma
guerra contra a Inglaterra, em 1075. Novamente atraiçoado e mais uma vez
por um irmão, Canuto foi perseguido, procurando refugiou na Igreja de
Santo Albano em Odense, onde foi assassinado. Era o dia 19 de janeiro de
1086 e ele morreu ajoelhado defronte ao altar. Tinha apenas quarenta e
seis anos.
Sua morte foi considerada como martírio, milagres foram registrados
em seu túmulo e ele passou a ser venerado como santo pelo povo. Em
1100, os emissários do rei Eric III entregaram o processo de canonização
ao papa Pascoal II. No ano seguinte, seu culto foi autorizado e o rei
São Canuto IV, declarado o padroeiro da Dinamarca.
Santo Mario
Na
metade do século terceiro, em 251, houve um novo reflorecer de toda a
Igreja, do Oriente e do Ocidente, inclusive o papa Cornélio pôde
presidir um sínodo de sessenta bispos. Entre 268 e 270, o imperador era
Cláudio II, que não decretou oficialmente nenhuma perseguição ao
cristianismo. Entretanto, na maioria dos antigos calendários litúrgicos
foram fixados, ao longo desses dois anos, os martírios de Mário, Marta,
Audifax, Ábaco e do sacerdote Valentim. Este último, morto porque
continuava unindo os casais em matrimonio, contrariando o decreto do
imperador.
Os cinco testemunhos foram narrados cerca de um século depois dos
fatos, de maneira que se confundiram entre si e a presença do padre
Valentim serviu para reforçar ainda mais esta antiga tradição. Ela conta
que Mário, Marta, Audifax e Ábaco vieram em peregrinação da Pérsia até
Roma, para venerar os túmulos dos apóstolos, Pedro e Paulo. Nos
arredores da cidade acabaram ajudando um sacerdote, Valentim, a
enterrar os corpos de duzentos e sessenta mártires, que jaziam
decapitados e abandonados ao lado de uma estrada. Eles foram flagrados
no cemitério, em Salária e presos.
A partir deste ponto a tradição passou a citar, Mário e Marta como
um possível casal, qualificando Aldifax e Ábaco como seus filhos ou
irmãos de Mário. A dúvida sobre se eram ou não um casal, vem do forte
carisma do sacerdote Valentim, já existente neste século, cuja veneração
se fortaleceu tanto alcançando o terceiro milênio e atingindo todos os
recantos do mundo.
Todos morreram, mas não renegaram a fé e se recusaram a prestar culto ao imperador.
Os homens foram decapitados na Via Cornélia. Primeiro Mário, seguido
por Aldifax e Ábaco, exceto o sacerdote Valentim, martirizado quase um
mês depois. Marta, mesmo informando que ainda não havia recebido o
batismo, também morreu, afogada num poço há treze milhas fora dos muros
de Roma.
Mais tarde, uma cristã conseguiu levar seus corpos para um túmulo
situado em seu terreno, na própria Via Cornélia. Nesse local, na
propriedade de Boccea, surgiu uma igreja, cujas ruínas existem ainda
hoje. Treze séculos depois, em 1590, os corpos foram descobertos e as
relíquias guardadas em igrejas da Itália e Alemanha.
A grande difusão do nome Mário vem precisamente deste santo. No
antigo idioma céltico ele é o sinônimo de macho, mas popularmente se diz
que é considerado o masculino de Maria. Mais um motivo da devoção do
primeiro dos mártires da via Cornélia ter mantido sua presença, de forma
constante e tenaz, em todos os calendários litúrgicos da Igreja, até os
nossos dias.
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