23 de janeiro
Santo Ildefonso
Segundo
os escritos foi por intercessão de Nossa Senhora, a pedido de seus
pais, que Ildefonso nasceu. Assim, o culto mariano tomou grande parte de
sua vida religiosa, ponteada por aparições e outras experiências de
religiosidade.
Ildefonso veio ao mundo no dia 08 de dezembro de 607, em Toledo, na
Espanha. De família real, que resistiu aos romanos, mas, que se renderam
politicamente aos visigodos, foi preparado muito bem para o futuro.
Estudou com Santo Isidoro em Sevilha. Depois de fugir para o mosteiro de
São Damião nos arredores de Toledo, Ildefonso conseguiu dos pais
aprovação para se tornar monge, o que aconteceu no mosteiro próximo de
sua cidade natal.
Pouco depois de tornar-se diácono, herdou enorme fortuna devido à morte dos pais.
Empregou todas as posses em favor dos pobres e fundou um mosteiro
para religiosas. Seu trabalho era tão reconhecido que após a morte do
abade de seu mosteiro, foi eleito por unanimidade para sucedê-lo. Em 636
dirigiu o IV Sínodo de Toledo, sendo o responsável pela unificação da
liturgia espanhola.
Mais tarde, quando da morte de seu tio e bispo de Toledo, Eugênio
II, contra sua vontade foi eleito para o cargo. Chegou a se esconder
para não ter que aceitá-lo, sendo convencido pelo rei dos visigodos que o
procurou pessoalmente. Depois disso, Ildefonso desempenhou a função com
reconhecida e admirada disciplina nos preceitos do cristianismo, a
mesma que exigia e obtinha de seus comandados.
Nessa época Ildefonso escreveu uma obra famosa contra os hereges que
negavam a virgindade de Maria Santíssima, sustentando que a Mãe de Deus
foi Virgem antes, durante e depois do Parto. Exerceu importante
influência na Idade Média com seus livros exegéticos, dogmáticos,
monásticos e litúrgicos.
Entre suas experiências de religiosidade constam várias aparições.
Além de ter visto Nossa Senhora rodeada de virgens, entoando hinos
religiosos, recebeu também a "visita" de Santa Leocádia, no dia de sua
festa, 09 de dezembro. Ildefonso tentava localizar as relíquias da Santa
e esta lhe indicou exatamente o lugar onde seu corpo fora sepultado.
O sábio bispo morreu em 23 de janeiro de 667, sendo enterrado na
igreja de Santa Leocádia. Mas, anos depois, com receio da influência que
a presença de seus restos mortais representava, os mouros pagãos os
transferiram para Zamora, onde ficaram até 888. Somente em 1400 seus
despojos foram encontrados sob as ruínas do local e expostos à veneração
novamente.
Santo Ildefonso recebeu o título de doutor da Igreja e é tido pela
Igreja como o último Padre do Ocidente. Dessa maneira são chamados os
grandes homens da Igreja que entre os séculos dois e sete eram
considerados como "Pais" tanto no Oriente como no Ocidente, porque foram
eles que firmaram os conceitos da nossa fé, enfrentando as heresias com
o seu saber, carisma e iluminação. São aos responsáveis pela fixação
das Tradições e Ritos da Igreja.
Santo João Esmoler
Este
santo dava tanta importância à esmola, que não só dela vivia como com
ela provia uma grande quantidade de famílias, e até cidades inteiras.
Assim foi o apostolado do bispo João, chamado de "Esmoler".
O século sete é tido, para a Humanidade, como uma época de opulência
para os poderosos e de miséria para o povo, mas o bispo João nunca
deixou de atender a quem quer que o tenha procurado. Os registros e a
tradição mostram que a Providência Divina sempre vinha à sua ajuda e, de
uma forma ou de outra, os mantimentos de que precisava acabavam
chegando às suas mãos. Certamente Deus queria fazer dele um exemplo.
João pertencia a uma família cristã e nasceu no ano 556, na Ilha de
Chipre, numa cidade chamada Amatunte, onde seu pai além de muito rico
era o governador. João sentia-se chamado para a vida religiosa desde
pequeno, alimentando esse desejo até a idade adulta. Como os pais o
impediram de se tornar um sacerdote, com a humildade que lhe era
peculiar, João obedeceu às suas ordens e se casou. Mas seu caminho já
estava traçado por Deus. Pouco tempo depois do casamento a esposa
faleceu. Embora, o sofrimento fosse muito grande com a perda, ele
decidiu seguir seu chamado e se tornou um sacerdote.
Seu trabalho junto aos pobres deu tantos frutos que foi eleito bispo
de Alexandria e, nesta posição de destaque, pôde fazer mais ainda pelos
necessitados. Prontamente mandou cadastrar todos os pobres da cidade,
onde se catalogaram mais de sete mil e quinhentos. Às quartas e
sextas-feiras eram recebidos e auxiliados em tudo que estivesse ao seu
alcance. Quando a população católica da Pérsia se viu perseguida por
causa de sua fé, foi no Egito do bispo João Esmoler, que encontrou
alimento e abrigo.
Na época em que Jerusalém foi arrasada pelos pagãos, também foi o
bispo João quem para lá mandou comida e até recursos para a reconstrução
das igrejas. Entretanto, consigo mesmo era o desapego em pessoa. Tinha
uma única coberta, velha e maltrapilha. Quando um amigo de posses lhe
deu um cobertor novinho e felpudo, jogando a velha coberta fora, João
dormiu apenas uma noite com ele, em sinal de agradecimento, e no dia
seguinte o colocou à venda. Sabedor do gesto do bispo, o doador comprou o
cobertor e lhe deu de presente outra vez. Como seu admirador, lhe
propôs um jogo: quantas vezes ele o colocasse à venda, tantas vezes o
compraria para lhe dar de presente novamente. Assim, o lucro para os
pobres foi grande.
Já sexagenário, em 619, decidiu viajar para Constantinopla aceitando
o convite do imperador, que desejava vê-lo. Porém, ao chegar à cidade
de Rhodes, recebeu uma mensagem profética, de que a sua morte estava bem
próxima. João Esmoler chamou o discípulo que o acompanhava, disse-lhe
que ia cancelar a visita ao imperador, "pois o Rei dos reis também o
chamava" e Ele tinha prioridade. Assim, foi para sua Ilha de Chipre onde
morreu serenamente no dia 23 de janeiro desse mesmo ano.
Em 1974, o cardeal de Veneza, Albino Luciani, que depois se tornaria
o Papa João Paulo I, teve a honra de hospedar na Igreja Matriz de
Casarano as relíquias do corpo de Santo João Esmoler e seu chapéu de
bispo, este que continua guardado nessa igreja e localidade. Desse modo
percebemos que o seu culto se mantém cada vez mais forte e vigoroso.
Nicolau Gross
Nicolaus
Gross nasceu a 30 de setembro de 1898, nos arredores da cidade de
Essen, na Alemanha. Ainda adolescente, começou a trabalhar como mineiro,
aproveitando o tempo livre para estudar. Afiliando-se à associação
sindical dos mineiros cristãos, foi depois eleito seu secretário para a
secção juvenil.
Em seguida, casou-se com Elisabeth Koch, com quem teve sete filhos.
Amava a sua família mais do que qualquer outra coisa e foi um pai
exemplar, distinguindo-se por um profundo sentido de responsabilidade em
todos os âmbitos da vida. Em 1927, começou a colaborar com um jornal do
sindicato, do qual se tornou redator-chefe. Aplicando a doutrina social
da Igreja, ajudava os operários a resolver os problemas que atingiam a
sociedade dessa época. Assim, desde o início do nazismo opôs-se à sua
ideologia política e criticou os seus princípios e atividades, o que
provocou o encerramento do seu jornal por parte das autoridades do
governo.
Entre muitas outras coisas, escreveu: "É preciso obedecer a Deus
mais do que aos homens. Se nos pedem algo que é contrário a Deus ou à
fé, temos o dever moral e absoluto de não obedecer".
Alguns dos seus escritos caíram nas mãos da Gestapo, que o condenou.
No dia 12 de agosto de 1944 foi preso com a falsa acusação de ter
participado num atentado falido contra a vida de Adolfo Hitler.
Torturado, encontrava a fonte da sua força na oração. Em 15 de janeiro
de 1945 o tribunal pronunciou a sua sentença à morte, com a seguinte
justificação:
"Nadava... na corrente da traição e por isso, nela deve morrer". No
dia 23 de janeiro foi enforcado na prisão de Berlin-Plotizense, como os
nazistas não desejavam mártires, queimaram os seus restos mortais e
espalharam as suas cinzas. O Capelão do cárcere, que o abençoou na sua
última viagem, disse que o rosto de Nicolaus "parecia iluminado com o
esplendor d'Aquele por quem estava prestes a ser recebido".
O Papa João Paulo II, declarou Beato Nicolaus Gross no ano 2001, designando o dia de sua morte para as homenagens litúrgicas.
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