23 de fevereiro
São Policarpo de Esmirna

Ao contrário de Inácio, Policarpo não estava interessado em administração eclesiástica, mas em fortalecer a fé do seu rebanho. Ele escreveu várias cartas, porém a única que se preservou até hoje foi a endereçada aos filipenses no ano 110. Nela, Policarpo exaltou a fé em Cristo, a ser confirmada no trabalho diário e na vida dos cristãos. Também citou a Carta de Paulo aos filipenses, o Evangelho, e repetiu as muitas informações que recebera dos apóstolos, especialmente de João. Por isto, a Igreja o considera "Padre Apostólico", como foram classificados os primeiros discípulos dos apóstolos.
Durante a perseguição de Marco Aurélio, Policarpo teve uma visão do martírio que o esperava, três dias antes de ser preso. Avisou aos amigos que seria morto pelo fogo. Estava em oração quando foi preso e levado ao tribunal. Diante da insistência do pro cônsul Estácio Quadrado para que renegasse a Cristo, Policarpo disse: "Eu tenho servido Cristo por 86 anos e ele nunca me fez nada de mal. Como posso blasfemar contra meu Redentor? Ouça bem claro: eu sou cristão"! Foi condenado e ele mesmo subiu na fogueira e testemunhou para o povo: "Sede bendito para sempre, ó Senhor; que o vosso nome adorável seja glorificado por todos os séculos". Mas a profecia de Policarpo não se cumpriu: contam os escritos que, mesmo com a fogueira queimando sob ele e à sua volta, o fogo não o atingiu.
Os carrascos foram obrigados a matá-lo à espada, depois quando o seu corpo foi queimado exalou um odor de pão cosido. Os discípulos recolheram o restante de seus ossos que colocaram numa sepultura apropriada. O martírio de Policarpo foi descrito um ano depois de sua morte, em uma carta datada de 23 de fevereiro de 156,enviada pela igreja de Esmirna à igreja de Filomélio. Trata-se do registro mais antigo do martirológio cristão existente.
Rafaela Ybarra

Aos dezoito anos se casou com o engenheiro João Vilallonga, com quem
teve sete filhos. Mas, a morte trágica da sua irmã e do cunhado, fez o
casal assumir os cinco sobrinhos como seus próprios filhos. Rafaela
soube conciliar sua obrigação familiar com uma vida cheia de caridade e
riqueza espiritual.
Em pleno século XIX, a Espanha vivia um período conturbado, com o
povo sofrendo severas privações provocadas pela Revolução Industrial,
que se desencadeara no mundo. A grande população rural, principalmente a
de jovens, se sentia acuada e era seduzida pelos novos pólos
industriais que surgiam. Bilbao não foi uma exceção, atraindo uma legião
deles, que buscavam uma melhor condição de vida. A este fato, Rafaela
se manteve alerta. Sua situação social não foi um obstáculo para esta
sensibilidade, ao contrário, tinha consciência dos perigos que a capital
produzia, como a privação, exploração e marginalização.
Com esta preocupação e neste campo realizou seu apostolado, de modo
tão amplo, que nem mesmo depois de sua morte se sabia exatamente até
onde poderia ter chegado. Colocou à distribuição das obras assistenciais
todo o seu dinheiro e suas energias: recolhia as jovens que buscavam
trabalho e depois de arranjar-lhes as colocações, as mantinham abrigadas
sob seus cuidados até que tivessem uma profissão, com emprego e moradia
dignos.
Cultivando o contato com Deus, através da oração, no amor ao próximo
e na caridade para com todos; despertou e alicerçou as bases para a
fundação de um novo instituto religioso. Ao mesmo tempo em que não
descuidou da sua vida familiar, se dedicou a uma vida intensa de
apostolado, atuando em todas as obras assistenciais que eram criadas em
Bilbao. Entretanto, nunca abandonou seu sonho, ao contrário, solidificou
muito bem o fundamento e elaborou as Regras, sob a orientação do bispo
de sua diocese.
No final de1894, junto com três jovens religiosas, assumiram o
trabalho de "mães e educadoras" das meninas e jovens que necessitavam de
ajuda naqueles anos tão difíceis. A missão se assemelhou a dos "Anjos
da Guarda", cujo nome tomou para sua fundação e cujas atitudes foram
imitadas. Em 1897, a Congregação dos Santos Anjos da Guarda estava
criada e dois anos depois aprovada pelo Vaticano, sendo a Casa Mãe em
Bilbao, o modelo. Nesta ocasião, tentou se tornar uma religiosa, mas
graves problemas a impediram.
Depois de padecer uma longa enfermidade, morreu em 23 de fevereiro
de 1900, aos cinqüenta e sete anos. A santidade de sua vida foi
reconhecida pela Igreja. O Papa João Paulo II, a beatificou em 1984,
nesta ocasião as Irmãs se encontravam em toda a Espanha, Itália e
América Latina. A fundadora recebe as homenagens no dia de sua morte.
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